quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Transição por meio de Alice

Consultor faz uma analogia entre as aventuras de Alice no País das Maravilhas e a pressa do mundo corporativo. Leia mais!
As aventuras de Alice no País das Maravilhas não povoaram só a criatividade do cineasta Tim Burton, que passou quase dois anos filmando Alice, um sucesso de bilheteria. O clássico escrito em 1865 pelo inglês Lewis Carroll é inspirador em muitos aspectos. Em Através do Espelho, uma continuação do clássico, Alice e a Rainha Vermelha pararam para descansar sob uma árvore depois de terem corrido a toda velocidade. Alice então olhou para os lados e questionou:
- Acho que ficamos sob essa árvore o tempo todo! Tudo está igualzinho!
- Claro que está – disse a Rainha. – O que você esperava?
- Em nossa terra – explicou Alice, geralmente se chega noutro lugar quando se corre muito depressa e durante muito tempo como fizemos agora.
- Que terra mais vagarosa! – comentou a Rainha. – Pois bem, aqui, veja, tem de se correr o mais depressa que se puder quando se quer ficar no mesmo lugar. Se você quiser ir a um lugar diferente tem de correr, pelo menos, duas vezes mais rápido do que agora.
Não é incomum acharmos que precisamos ser constantes em nosso trabalho, mas corremos e não saímos do lugar. A constância pode ter um efeito parecido com a inércia, lei escrita por Isaac Newton. Segundo Newton, um corpo em movimento continuará se movendo indefinidamente caso nenhuma força externa aja sobre ele. No entanto, para que as interferências que temos em nossas vidas sejam positivas, temos de interiorizar o conceito da perseverança. A perseverança precisa de constância para persistir nas estratégias usadas, ou até na consciência de que se deve mudá-las para atingir um objetivo. No entanto, se a constância não estiver atrelada à perseverança pode virar mesmice e apego à rotina. Quem é perseverante corre duas vezes mais rápido como falou a rainha.
Quando uma organização acredita nisso e comunica o conceito à sua equipe é mais fácil que seus colaboradores saiam do comodismo para operar mudanças, fazendo com que a empresa alcance seus objetivos. É importante lembrar que, ser perseverante não é ser obcecado, insistir em erros, não aceitar opiniões ou ter reações prepotentes. Por melhor que seja um colaborador, ele tem de mostrar qualidades ao seu gestor e a capacidade de ir mais além, para que não seja perpetuado em uma função que certamente desempenha bem, mas nada mais do que isto.
As interferências, como na lei da física, são as coisas que mais necessitamos para sermos impulsionados para a frente. Porém, cabe a nós decidir se o desafio nos derrubará ou nos dará forças para dar a volta por cima.
O que fez Nelson Mandela, um menino pobre da comunidade rural, ter se tornado líder revolucionário e chegar a ser presidente da África do Sul? “Nunca fui um messias, mas um homem comum, que se tornou um líder por causa de circunstâncias extraordinárias”, comentou Mandela, firme em seus propósitos. Como principal representante do movimento antiapartheid ele foi um grande guerreiro pela liberdade e apesar de ter passado 27 anos na prisão, seus esforços foram e são reconhecidos.
Em proporções diferentes o ser humano, em geral, tem oportunidades de se superar. Recentemente a Revista Veja citou que diversos setores da economia brasileira crescem numa velocidade superior a 10% ao ano e que a subida da maré econômica tira milhões de brasileiros da pobreza e, no nível superior da pirâmide social, está produzindo um novo milionário a cada dez minutos. E conta ainda como os empreendedores tem tirado proveito dessa fase de prosperidade. No entanto, nem sempre foi assim e apesar de estar feliz com os bons resultados e a perspectiva de um futuro próximo favorável, fiquei ponderando o quanto o brasileiro teve de desenvolver a criatividade e a pró-atividade para superar seus obstáculos pessoais, profissionais e da própria economia do país.
As últimas décadas foram de transição e levaram a mudanças substanciais para termos os resultados que colhemos agora. A transição garante que as mudanças rompam com hábitos, tradições ou estruturas obsoletas e até improdutivas substituídas por um sistema mais benéfico e produtivo. A frase de Jack Welch reitera esses conceitos: “Ao buscar o que é aparentemente impossível, você muitas vezes faz o impossível”. O segredo de um líder é fazer com que sua equipe acredite em seu próprio potencial.

Paulo Kretly (Presidente da FranklinCovey Brasil (www.franklincovey.com.br), e reconhecido palestrante em liderança, gestão e produtividade pessoal e interpessoal)

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